GESTÃO DE PESSOAS – QUAIS OS DESAFIOS?

Ao tratar da Gestão de Pessoas no Futuro, inicialmente quero trazer para reflexão, qual é o papel do Profissional de Recursos Humanos neste cenário, para assim podermos avaliar o seu papel no contexto atual e o quanto estamos preparados e/ou nos preparando para este novo cenário – “ser e fazer a diferença”.

Analisando o cenário atual, temos: pandemia, crise de talentos, o envelhecimento da população no mundo, o aumento da mobilidade global dos trabalhadores, as questões organizacionais e culturais desencadeadas pelas mudanças dramáticas nos negócios ocorridos na última década. Estas estão entre as principais preocupações dos líderes empresariais globais. Assim são estes alguns dos desafios relacionados à Gestão de Pessoas que impactarão as organizações e, consequentemente as operações de Recursos Humanos que existentes atualmente.

Em meados de 2014, Ram Charan publicou um artigo na Harvad Business Review com o seguinte título: “It’s time to say good bye to the Department of Human Resources” (É hora de dizer adeus ao Departamento de Recursos Humanos). Charan, com o seu artigo nos alerta, queo Recursos Humanos como está constituído hoje, como atuamos e o vemos não agrega mais valor a estratégia da organização. Charan cita como exemplo Jack Welch que “tinha vários departamentos diferentes e um departamento específico de recursos humanos”. Assim eles conseguiam trazer uma grande contribuição para a performance da empresa e é isto que funciona em várias empresas. O autor nos afirma, que a empresa consegue resolver esta equação, trazendo profissionais de outras áreas, com outras visões e expertises diferentes para serem gestores de recursos humanos.  

Sob a ótica do autor o Profissional de Recursos Humanos está fadado ao seu desaparecimento, pois o Recursos Humanos está sendo visto como um prestador de serviço passivo, sendo somente um departamento específico. Considerando o ambiente futuro de trabalho e negócios, o RH se encontra em uma encruzilhada, principalmente o seu profissional.

Durante a minha trajetória profissional em grandes corporações, tenho vivido e visto isto de perto, a formação e o preparo do profissional não acompanha o mercado e, as demais áreas da organização. O nosso sistema educacional forma profissionais que são “commodity”. Commodity porque tem a mesma informação que todo mundo tem, é o mesmo produto, é padrão profissional. E como todo commodity, briga por preço e por espaço dentro do mercado comum, padrão. Porém o profissional não satisfeito com o commodity, faz uma pós, mestrado ou até doutorado na mesma área de atuação. Continua commodity, é padrão, é a mesma informação. Charan nos alerta que as organizações querem profissionais com outros conhecimentos e vivências, ou seja, o desvio e a inovação vem da junção de diferentes áreas e não da mesma.

Assim, um profissional formado e vivido com os mesmos conteúdos e padrões, não serão especialistas com uma mentalidade proativa e orientada para a estratégia de negócios, onde o Recursos Humanos deverá ser o coração da empresa, com um novo papel e mais abrangente em termos de gestão de pessoas, incorporando e influenciando vários outros aspectos da organização. Ou nos preparamos para cada vez mais ser vistos como um Recursos Humanos transacional e quase inteiramente terceirizado.

Assim acredito que o Profissional de Recursos Humanos tem uma oportunidade significativa para tomar o controle da agenda de gestão de pessoas, de realmente conduzir a estratégia a ter às ferramentas e informações para se tornar uma das áreas mais poderosas e influentes na operação dos negócios.

O desafio da área da Gestão de Recursos Humanos é entender de que forma se tornar relevante para mundo de amanhã e como profissional, quais são as novas competências que devo desenvolver.

O futuro como se diz, não é um lugar para onde vamos, mas algo que criamos.

Por:  Silmar Strübbe Especialista em Gestão de Pessoas e Carreiras e CEO da Strübbe Consultoria